Arquivo do mês: abril 2012

O Efeito do Crer. A Mente Pode Curar? (Um comentário sobre a Eficácia Simbólica)

Por Marie Christine e Álvaro Botelho

 

  O texto escrito por Lévi-Strauss intitulado Eficácia Simbólica inicia-se com um comentário sobre o primeiro grande texto mágico-religioso conhecido e proveniente da América do Sul, publicado por Wassen e Holmer ,e registrado originalmente por um informante indígena.

O antropólogo então o descreve como um longo encantamento, em forma de canto, de 18 páginas, divididos em 535 versículos, de autoria do povo Cuna, habitantes do território da República do Panamá. Tal encantamento tem como objetivo ajudar em um parto difícil, sua execução é excepcional e rara, feito a pedido de uma parteira que não consegue realizar o parto com êxito.

O canto é feito por uma espécie de médico inato, um xamã, denominado na cultura Cuna de nele. O encantamento se inicia por uma descrição da perplexidade da parteira, da sua visita ao nele, a partida do xamã ao encontro da parturiente, sua chegada, preparativos, invocações e confecção das imagens sagradas (nuchu), que representam espíritos protetores que o ajudam e que o xamã direciona e conduz à morada de Muu, força responsável pela formação do feto. Continuar lendo

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O feiticeiro e sua magia – Claude Lévi-Strauss

Por Rodrigues e Hevellyn

Com toda certeza Claude Lévi-Strauss foi um dos maiores antropólogos da segunda metade do século 20. Com sua produção intelectual contribui para o desenvolvimento da antropologia estrutural. Sofreu bastante influência do linguista Jakobson, pois foi a partir desse encontro que, desenvolveu o estruturalismo, e estabeleceu o entendimento de que o fenômeno cultural é linguagem como comunicação, ou seja, a cultura como comunicação. A partir dessa direção, Strauss trabalha com a concepção de que é o inconsciente que produz o social. É nossa estrutura mental que o organiza o tempo e o espaço.

Levando em contas essas considerações, podemos perceber que o texto “ O feiticeiro e sua magia”, apresenta uma pista para a compreensão do método Levi-straussiano. No ensaio, o antropólogo trata do xamanismo e da sua eficácia. A partir disto, identificou a manipulação psicológica feita pelo xamã e concluiu que as práticas mágicas realizadas pelo feiticeiro tem sua eficácia: Continuar lendo

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Exposição fotográfica “Pelas Epifanias Alcançadas”, de Rafael Acioly na I Jornada Religiosa do NERP

Do blog da I Jornada  http://jornadanerp.blogspot.com.br/

A exposição fotográfica “Pelas epifanias alcançadas” nos traz a oportunidade de oferecer aos participantes da I Jornada do NERP, e aos que circulam pelos corredores do PPGA-UFPE, uma amostra do trabalho de Rafael Acioly, jovem fotógrafo e mestrando deste programa, e sua experiência durante a famosa e prestigiada Festa do Morro da Conceição. As fotos expostas foram tiradas nos dias de auge da festa, 7 e 8 de dezembro nos anos de 2010 e 2011, que são a véspera e dia de Nossa Senhora da Conceição e retratam a experiência dos fiéis nesta festa que congrega uma miscelânea de experiências do catolicismo recifense.

Exposição Fotográfica “Pelas Epifanias Alcançadas”, de Rafael Acioly
Local: 13º andar do CFCH
Quando: 17 a 19 de abril, durante toda a I Jornada Religiosa do NERP-UFPE

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Jazigo de associações de leigos em Juazeiro do Norte une religiosidade e caridade

Pela ASCOM – UFPE

“Olhei a fachada desgastada do jazigo, como se quisesse penetrar com os olhos. Diante de um grande número de pessoas, cantei para meu pai uma música de que ele gostava muito”. É assim que Joaquim Izidro do Nascimento Junior, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPE, faz a introdução da dissertação “‘Rogai por nós’: religião, morte e antropologia”. Do despertar das lembranças de histórias de vida e de morte que experimentou em sua terra natal, o cientista social, sob a orientação da professora Roberta Bivar Carneiro Campos, buscou traçar elos entre romeiros de Juazeiro do Norte e a atuação da Igreja Católica na região, inicialmente por Padre Cícero e posteriormente pela representação Salesiana.

Juazeiro do Norte era um distrito da cidade do Crato e o Padre Cícero foi um dos responsáveis pela emancipação e independência da cidade. A figura do padre assumiu características místicas e ele passou a ser venerado pelo povo como um santo, por conta do chamado “Milagre de Juazeiro” – quando Padre Cícero deu a hóstia sagrada à beata Maria de Araújo, a hóstia teria se transformado em sangue. Hoje, a cidade é considerada um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina, atraindo milhões de romeiros todos os anos.

As missões de religiosos estrangeiros no período do Brasil Colônia e a trajetória de Padre Cícero estão intrinsecamente ligadas às manifestações e sentidos religiosos de Juazeiro. “A Igreja Católica agiu em situações de controle diante da intepretação dos milagres em Juazeiro. As punições aplicadas ao Padre Cícero e a chegada dos Salesianos, hoje representados pelas associações, resignificaram e modificaram as práticas religiosas, mas não conseguiram apaga-las”, afirma Joaquim.

As maneiras de catequizar o povo foram potencializadas pelo medo do fim do mundo e da morte como um ato de perdão para se conquistar o reino dos céus. E é na morte que o pesquisador encontra motivos para descobrir a simbologia do ato devocional dos fiéis. Joaquim partiu da etnografia dos grupos religiosos Associação Nossa Senhora Auxiliadora e Associação São João Bosco para identificar os aspectos sociais e simbólicos produzidos entre os membros, líderes e instituições religiosas oficiais e como eles se relacionam com a cidade, célebre pelas inúmeras romarias e peregrinações. Essas entidades contam com um jazigo erguido no local onde o Padre Cícero está sepultado, na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde fica a Capela do Jazigo das Associações (foto abaixo).

Baseado nas análises dos documentos das associações e nas entrevistas e reuniões de que participou, Joaquim encontrou reprodução de histórias, costumes e tradições dos antigos romeiros e destaque para o assistencialismo representado pelo auxílio funeral e para realização de exames médicos. O sepultamento em túmulos das associações é visto por muitos associados e líderes como ato de caridade.

“Ceder o espaço é oferecer oportunidade de descanso do corpo na hora da morte num testemunho de piedade e misericórdia”, frisa o autor. É ainda uma possível resposta ao apelo “Rogai por nós”, repetido na Ave Maria como uma súplica das pessoas em pedir amparo ao divino. Mesmo considerando o jazigo como sendo a materialização do elo entre o Padre Cícero e os associados, Joaquim acredita que “esse elo transcende a materialização: ele atinge desde as motivações dos primeiros missionários até os associados que não possuem devoção ao padre Cícero”.

» Vídeo: Religiosidade em Juazeiro é tema de pesquisa
» Confira a íntegra da dissertação na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFPE

Mais informações
Joaquim Izidro Nascimento Junior
joaquim.izidro@gmail.com

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I Jornada Religiosa do NERP

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A Religião como Sistema Cultural – Clifford Geertz

Por Alana Souza e Sandro Soares

No capítulo do livro A Interpretação das Culturas que trata sobre “A Religião como Sistema Cultural”, Geertz (2008) é bem provocativo afirmando que a antropologia da religião está em estado de estagnação, que vive da reduplicação solene, do academicismo. Segundo ele, os estudos antropológicos sobre religião, realizados após a segunda-guerra não trazem grande inovações, a não ser enriquecimento empírico. Estes estudos continuam utilizando o capital conceitual de estudos anteriores, utilizando-se de uma tradição intelectual estreitamente definida, que inclui Durkheim, Weber, Freud ou Malinowski.

Para Geertz (2008), pequenas variações de temas teóricos clássicos não alteram este estado. Para tal seria necessário que os estudiosos se ativessem a problemas obscuros que possibilitem descobertas. Isto não significa abandonar as tradições teóricas existentes até então, mas tomá-las como ponto de partida para, assim, ampliar nossa percepção a partir delas. Continuar lendo

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Bruxaria: Pra que serve?

 

Por Alice e Germano sobre “ A noção de bruxaria como explicação de infortúnios”, de Evans-Pritchard

Evans- Pritchard, foi um dos antropólogos ingleses mais importantes da sua geração. Um de seus destaques, além de conseguir aliar de maneira brilhante sua teoria a descrição etnográfica, foi seu esforço hermenêutico (pois o mesmo, na presente obra busca interpretar significados e mostrar como a agencia atribui as causas a seus atos) para compreender o significado das práticas e mostrar a sua pluralidade, o que era inovador na época. O mesmo realizou estudos de campo no Quênia e Sudão.

Seu primeiro livro “ Witchcraft, Oracles and Magic among the Azende” publicado em 1937, foi resultado da sua pesquisa de campo entre os Azande no período de 1926 a 1930. Continuar lendo

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